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Provavelmente você já ouviu falar sobre a importância de fazer terapia, certo? Mas você sabe quais são os benefícios que um processo de terapia pode ter?
Por muito tempo falar sobre saúde mental era tabu, precisar de um tratamento para questões de ordem emocional, psíquica ou mental era visto como “coisa de louco”. Porém, cada vez mais essas ideias vão sendo desconstruídas e vamos entendendo a importância de cuidarmos das nossas questões mentais e emocionais, assim como cuidamos de outros aspectos da nossa vida, como alimentação, exercício físico, relações interpessoais e assim por diante.
Terapia, ou psicoterapia, pode ser compreendida, de modo geral, como um tratamento psicológico realizado com um profissional capacitado e qualificado que auxilia, em conjunto com o paciente, na busca por formas mais positivas de lidar com sofrimentos e dificuldades.
Avaliar ou quantificar os efeitos ou benefícios que a terapia pode trazer para a vida de alguém é uma tarefa desafiadora, uma vez que a dinâmica entre psicóloga(o) e paciente é complexa e envolve diversos elementos.
Quando refletimos sobre os benefícios da terapia é importante não reduzirmos a sua essência, como se o seu único objetivo fosse alcançar metas predefinidas que visam apenas estabelecer uma certa ordem ou promover adaptação.¹
Existem pesquisas que se propõem a investigar os efeitos que o processo de terapia pode produzir na vida de uma pessoa. Lembrando que esses efeitos não se tratam apenas de um resultado final, mas sim, de diversas transformações e reverberações que são sentidas constantemente durante todo o caminho. Sendo assim, os efeitos não são apenas vistos como um fim, mas como algo constante que ocorre durante todo o processo.
Com o objetivo de investigar os efeitos da terapia, foi realizado um estudo² no qual se analisou a percepção dos pacientes em relação ao processo terapêutico. Durante esse estudo, os próprios pacientes apontaram os seguintes benefícios percebidos:
– Possibilidade de se conhecer e se perceber melhor: os participantes da pesquisa relataram que por meio da terapia, sentiram que começaram a conhecer melhor seus sentimentos, necessidades e seus desejos.
– Aprendizagem de algumas habilidades: a psicoterapia pode proporcionar uma mudança na forma do paciente agir em determinadas situações.
– Mudança na forma de perceber a realidade: pode haver uma mudança tanto na forma de compreender o seu mundo interno, ou seja, seus sentimentos, pensamentos e processos mentais, quanto na forma de interpretar acontecimentos da vida, dando-lhe novos significados e sentidos.
– Bem-estar: com maior autoconhecimento e outras formas de lidar com as situações e com os problemas, o paciente pode fortalecer a sua estrutura emocional e isso consequentemente, pode promover um maior bem-estar.
Vale lembrar que diversos aspectos influenciam nesses benefícios e efeitos³, alguns deles são: as variáveis do paciente (como a história de vida, apoio social e afetivo), as variáveis do terapeuta (experiência clínica, competência e estilo pessoal) e a relação que se estabelece entre eles (o vínculo e confiança estabelecidos). Essa última, ou seja, a relação terapêutica entre paciente e terapeuta, tem sido considerada um dos fatores mais importantes nas mais diferentes abordagens teóricas.
De forma geral, o processo de terapia pode resultar em novas formas de lidar com dificuldades sociais, emocionais e comportamentais, mas se trata de uma experiência muito singular e de um processo único que cada pessoa vai poder construir ao lado de um profissional.
Referências:
¹ LEOCINI, Daniel dos Reis. Considerações sobre a eficácia da psicoterapia: impasses da “era da técnica”. (Dissertação e Psicologia) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2015.
² MONDARDO, Anelise Hauschild; PIOVESAN, Laís e MANTOVANI, Paulina Cecilia. A percepção do paciente quanto ao processo de mudança psicoterápica. Aletheia. n.30, p. 158-171, 2009.
³ PEUKER, Ana Carolina et al. Avaliação de Processo e Resultados em Psicoterapias: uma revisão. Psicologia em Estudo. v. 14, n. 3, p. 439-445, 2009.